Mudamos para o atual apartamento um dia antes de eu dar à
luz. (Pausa para o leitor processar essa informação). A primeira noite que
passamos lá foi também a primeira com nossa Cecília, depois da saída do
hospital. Antes disso, morávamos com minha sogra. Tive de aprender a ser mãe e
a administrar uma casa ao mesmo tempo. Já tínhamos o básico (eletrodomésticos,
utensílios de cozinha e enxoval de cama e banho), mas era preciso terminar de
mobiliar a casa.
A sala de estar (não me peçam para chamá-la de
"living") passou meses sem sofá, tapete e rack. Improvisávamos com a
poltrona de amamentação, algumas cadeiras dobráveis e uma mesa de plástico para
apoiar a televisão. Nessa época, eu sonhava com sofás imensos, tapetes felpudos
e um rack assinado por alguma loja de móveis planejados. Visitava mais sites de
decoração que de minimalismo. Mas minha conta bancária era incompatível com esses
planos, e eu nem sempre conseguia conciliar o trabalho de decoradora com o de
lactante em livre demanda.
Uma parte de mim, contudo, só queria que aquilo acabasse. Como
seria bom gastar dinheiro em viagens ao invés de "investir" naquele
papel de parede super descolado. Era uma escolha simples, mas eu insistia em
complicar. Que mesinha de centro combinaria melhor com a cor das paredes? Vale
a pena pagar o valor de um salário mensal naquele lustre? O que fazer se a velha
tv não combinar com o rack que comprarmos? Onde eu encontro um tapete que
combine com nosso estilo?
O minimalismo respondeu a todas essas perguntas. Compramos
um sofá confortável e encomendamos um
rack pela internet. Dispensamos tapetes e mesinhas laterais e de centro. O
lustre adquirimos numa feira de artesanato. Colocamos alguns quadros na parede.
E assim mobiliamos a sala. Não que tenha sido rápido. Demorou dois anos!
Gastamos muito menos do que havíamos imaginado.
O dinheiro que sobrou foi muito bem "investido". Naqueles anos, levamos
Cecília para conhecer o Rio de Janeiro, Nova York e Roma. Mas bom mesmo foi ter
deixado de passar horas tentando descobrir qual luminária expressa melhor minha
personalidade.
Oi, Raquel! Muito legal a sua jornada. É tão libertador descobrir que a gente não "tem de" (comprar móveis assinados ou ter tapetes gigantes) nada, né? Podemos escolher o que é mais importante para nós. Não tem preço =D.
ResponderExcluirPõe libertador nisso!!
ExcluirObrigada pela visita, Lud :*